quarta-feira

I

bilhete de identidade

Observo a caligrafia azul
do meu nome – paisagem
imutável como o caminho
que aprendemos na infância
e somos incapazes de esquecer.
Vista daqui, a impressão
digital é um labirinto.

atropelamento e fuga

Quando atravessas
a avenida, a realidade
colhe-te. Ficas caído
no asfalto, em pânico,
zonza figura, sem saber
ao certo quantos ossos
do teu corpo se podem
considerar intactos.

tgv

Lembro-me:
a paisagem
acumulava-se,
retorcia-se,
devorava-se
como a
serpente
à sua cauda,
era já outra
coisa.

terra incógnita

A partir daqui,
não sabemos nada.

José Mário Silva

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